Data da
Aula: 28 de Outubro de 2018
TEXTO ÁUREO
"E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de
dia e de noite, ainda que tardio para com eles?" (Lc 18.7)
VERDADE PRÁTICA
Quanto mais perseverarmos na fé, melhor entenderemos a vontade de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Seg. Hb 11.1: O firme fundamento e a prova das coisas que se não veem
Ter. Ef 2.8,9: A salvação é pela graça, mediante a fé, para que ninguém
se glorie
Qua. Mt 17.20: A fé não precisa ser grande, mas tem de ser íntegra e
verdadeira
Qui. Hb 11.6: É preciso acreditar, pois sem fé é impossível agradar a
Deus
Sex. Mt 9.2: Uma fé que, de tão evidente, pode até ser vista
Sab. 1Pe 1.9: O alvo supremo da fé não consiste em receber
"bênçãos"
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Lucas 18.1-8
1- E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e
nunca desfalecer,
2- dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem
respeitava homem algum.
3- Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele,
dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
4- E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que
não temo a Deus, nem respeito os homens,
5- todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para
que enfim não volte e me importune muito.
6- E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
7- E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia
e de noite, ainda que tardio para com eles?
8- Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o
Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?
HINOS SUGERIDOS:
88,185,192 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Estimular a perseverança na fé.
• INTERAGINDO COM O
PROFESSOR
A aula de hoje é uma grande oportunidade para estimular os alunos a
perseverarem na fé e na oração. Este é o grande desafio do ensino: Romper a
barreira do discurso levando os educandos à prática. A parábola do juiz iníquo
mostra exatamente isso. O interesse de Jesus era levar os seus discípulos a
serem perseverantes e pessoas de oração. Em tempos de "determinismo
profético", nada mais sensato e necessário que ensinar acerca da fé e da
oração.
PONTO CENTRAL: A
perseverança na fé e na oração é decisiva para o desenvolvimento
espiritual.
INTRODUÇÃO
A perseverança na fé é uma das exortações bíblicas mais urgentes nos
dias de hoje. Sobretudo, quando acompanhada da oração, pois esta também é de
suma importância, visto ser a forma de comunicação vital dos discípulos com o
Pai soberano nestes tempos perigosos até o estabelecimento final do Reino de
Deus. Esta parábola, também conhecida como a "parábola da viúva
persistente mostra que a oração intermitente em tempos de crise é o meio pelo
qual os discípulos do Reino se valem da justiça do Pai a seu favor.
I - INTERPRETANDO A
PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
I- Interpretar a parábola do juiz iníquo;
1. Uma parábola difícil.
Muitos estudiosos consideram essa parábola uma das mais difíceis. De
fato, o modo como algumas Bíblias a intitulam, ou seja, quando na epígrafe
editorial consta, por exemplo, "A parábola do juiz iníquo", têm
levado muitos a fazerem interpretações equivocadas sobre a bondade, o amor e a
justiça de Deus. Contudo, devemos levar em conta o propósito que levou Jesus a
contar essa parábola. Trata-se de uma parábola que, a exemplo de outras que
estudamos ao longo desse trimestre, funciona como um contraste. Conforme
veremos, ela possui até certo fundamento em seu estilo de acentuar a
perseverança, e se faz acompanhar de um chamado ao discernimento (v.6), três
afirmações da defesa graciosa que Deus faz dos seus e é concluída com um
questionamento sobre a existência, ou não, da fé, quando chegar o tempo em que
Deus defenderá os seus (v.8b).
2. O juiz.
Não é preciso interpretar, ao pé da letra, cada detalhe de todas as
parábolas. Entretanto, aqui vamos assim proceder com o fim exclusivo de
mostrarmos o contexto que se passa na mente dos ouvintes. Tudo indica que na
estrutura jurídica do judaísmo antigo existiam dois sistemas de tribunais: o
judaico e o gentílico. Por isso, há estudiosos que entendem que o magistrado da
parábola era um juiz gentio. A Mishná declara que três juízes deveriam definir
a sentença nos casos que envolvessem propriedade. Flávio Josefo fala de
tribunais com até sete juízes na Galileia. A parábola pressupõe um tribunal com
um juiz somente, pois, neste caso, pode tratar-se de um simples recurso para a
simplificação da narrativa. Na verdade, para entendermos melhor a parábola, não
é tão importante o conhecimento do sistema jurídico daquele tempo, mas sim nos
conscientizar da condição desesperadora de muitas viúvas da época que sofriam
com juízes corruptos ou desumanos.
3. A viúva.
As viúvas eram reconhecidas pelas suas roupas típicas, as quais
indicavam sua situação (Gn 38.14,19). Naquele tempo as jovens casavam-se no
início da adolescência, por isso, apesar de haver muitas viúvas, elas não eram,
necessariamente, mulheres de idade avançada. A maioria era deixada sem nenhuma
forma de subsistência. Se permanecessem na família do falecido, acabavam numa
condição inferior, quase servil. Se retornassem para a sua família de origem, o
dinheiro do dote repassado nas negociações do seu casamento teria que ser
devolvido. Dessa forma, as viúvas em geral ficavam em uma situação bastante
miserável. Geralmente elas eram vendidas como escravas para a quitação das
dívidas. Portanto, uma mulher pobre, por causa da morte de seu marido, ficava
privada do amparo social e, em caso de controvérsias de ordem pública, se não
tinha dinheiro, precisava confiar na honestidade dos magistrados. Esse é o
contexto em que devemos ler essa parábola.
4. O caso e a perseverança.
A mulher tinha uma causa que deveria ser apresentada a um tribunal da
cidade ou a um juiz que resolvesse exclusivamente a questão por via
administrativa. Talvez se tratasse de pendências judiciárias ou mesmo dívidas
deixadas pelo seu marido, de hipotecas sobre a herança patrimonial. Apesar de o
caso poder enquadrar-se nos inúmeros existentes à época quando uma mulher tinha
de defender seus direitos contra as maldades de um adversário poderoso que,
sendo mais importante e influente, está seguro e tranquilo, ela toma uma
decisão inédita, pois não escolhe advogados (talvez sua condição nem o
permitisse), nem defensores públicos, mas contra o costume de seu ambiente,
decide apresentar, pessoalmente, a instância ao juiz. Este, segundo o relato, é
um juiz iníquo, isto é, não teme a Deus. Ela, porém, demonstra um coração
decidido e uma disposição muito grande. Tanto que o texto usa a expressão
"molesta" (v.5) para indicar a perseverança da viúva diante do juiz.
Por isso, ao final, o juiz cede para não ser mais incomodado, isto é,
"molestado" pela mulher que o importuna.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Os detalhes da
parábola não são o principal a ser entendido, mas sim sua mensagem central.
SUBSÍDIO EXEGÉTICO
"A
Parábola do Juiz e da Viúva enfoca a oração persistente. Claro que Jesus não
está ensinando que Deus é como um juiz injusto. A parábola é dita num estilo
'quanto mais'. Se um homem iníquo finalmente responde os clamores de uma viúva,
quanto mais um Deus justo ouvirá as orações dos seus filhos. "A parábola
fala sobre uma situação da vida real. O juiz não tem reverência a Deus ou
respeito pelos direitos das pessoas. Uma viúva pobre envolvida num processo na
mesma cidade pleiteia com o juiz insensível para decidir em favor dela contra
um adversário (v.3). Por um longo tempo ele não faz nada, ignorando os clamores
por justiça. Como outras viúvas naquela sociedade, ela é impotente e entre a
mais vulnerável das pessoas. Ela é dependente dos outros para cuidar dela"
(ARRINGTON, F. L. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.435).
II - A BONDADE DE UM
DEUS JUSTO
II- Destacara bondade de um Deus justo;
1. Deus é bom.
Não é novidade o fato de a Bíblia estar repleta de textos que demonstram
a bondade de Deus. A parábola, uma vez mais, reforça tal verdade quando o Senhor,
retoricamente, questiona: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos,
que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?"
(v.7). A bondade de Deus faz com que Ele ouça aos seus servos. E não poderia
ser diferente, pois Jesus ensinou que se, nós, pois, sendo maus, sabemos dar
boas coisas aos nossos filhos, "quanto mais vosso Pai que está nos céus,
dará bens aos que lhe pedirem?" (Mt 7.11). Antes disso o Mestre também
ensinava sobre a oração, dizendo: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e
encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á" (Mt 7.7). Na parábola que estamos
estudando, encontramos a viúva clamando, e este é o recurso utilizado por Jesus
para, mais uma vez, ensinar sobre a oração e nos lembrar que Deus é bom.
2. Deus é justo.
Além da bondade do Pai, o crente sabe que Ele é justo. Uma vez mais é
necessário recordar que a parábola não deve ser tomada ao nível dos detalhes,
pois estes não são o mais importante. O juiz de nossa parábola é iníquo,
injusto; Deus, a quem servimos, por outro lado, é justo. Nisto consiste o
elemento de contraste dessa parábola. Este conhecimento já tinha Abraão ao
chamar o Senhor de "Juiz de toda a Terra" (Gn 18.25). A justiça de
Deus é tão elevada que, assim como a paz de Cristo, excede a todo nosso entendimento
(Is 56.1).
3. Deus assume a nossa causa.
Na parábola, encontramos uma pobre viúva pedindo justiça, mas o
que Jesus está ensinando é sobre o dever de orar sempre e nunca
desfalecer, isto é, a perseverar. Assim, ao mesmo tempo em que ensina sobre a
oração e a perseverança, o Mestre lembra um preceito da Lei, mostrando que Deus
assume a nossa causa: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o
Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de
pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o
estrangeiro, dando-lhe pão e veste" (Dt 10.17,18).
SÍNTESE DO TÓPICO II
Além da perseverança na oração e na
fé, a parábola destaca a bondade, a justiça e o fato de que Deus assume as
causas dos menos favorecidos.
SUBSÍDIO
PRÁTICO-TEOLÓGICO
"A
aplicação é clara e simples. Uma viúva pode obter justiça de um juiz que não
teme a Deus e não tem nenhuma consideração pelos seus semelhantes, simplesmente
pela sua vinda contínua. Quanto mais deveria um cristão ter fé e crer que um
Deus justo, bom e amoroso responderá as suas orações, embora Ele possa demorar-
ou seja, embora as vezes pareça que a resposta demora! Depressa, lhes fará
justiça, ou seja, subitamente, inesperadamente, mas não necessariamente quando
eles pensam que a resposta deve vir" (CHiLDERS, Charles. Comentário
Bíblico Beacon. Vol.6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.467).
III - A PERSEVERANÇA
DA VIÚVA É UMA IMAGEM PARA NÓS
III- Ressaltar a postura da viúva a respeito da oração, da perseverança e da fé.
1. Oração.
Até que nosso Senhor retorne, infelizmente, viveremos em constante luta
contra o pecado (Hb 12.1). Por esse motivo, não devemos desistir de perseverar
na oração e na súplica até que alcancemos o alvo (Fp 3.12-14). Ainda durante
seu ministério Jesus exortava aos seus discípulos a que estivessem de
"sobreaviso" e que também vigiassem e orassem (Mc 13.33; ARA). Uma das características
distintivas do Evangelho de Lucas é a oração (3.21; 5.16; 6.12; 9.18,28,29;
10.21,22; 11.1; 22.41-46; 23.46). Ao ensinar a respeito do Espírito Santo,
Lucas nos mostra que Deus cumpre o seu propósito. No entanto, exige a atitude
certa por parte do povo de Deus que, de acordo com este Evangelho, é a oração.
Vemos Jesus orando antes de cada grande crise da sua vida, ou seja, chegando a
orar pelos seus agressores (Lc 23.34). Por ser um homem de oração, Jesus
exortou seus discípulos a fazerem o mesmo (Lc 11.2; 22.40,46). É importante
lembrar que Jesus advertiu contra o tipo errôneo de oração (Lc 20.47).
2. Perseverança.
Além de orar, é necessário compreender que a oração deve vir acompanhada
de perseverança. A exortação à oração persistente está estreitamente ligada à
expectativa da volta do Senhor. 0 texto de Lucas 17.22 nos alerta de maneira
bastante clara a respeito do tipo de oração e do perigo de esmorecimento na
prática de orar a qual se tem em mira aqui. Deus quer ser buscado de forma
incessante e persistente pelos seus, pois a perseverança levará em conta o
tempo de espera como um meio para aclarar e purificar a nossa vida no
aprendizado das coisas de Deus.
3. Fé.
Somos, da mesma forma, exortados a perseverar na fé. A parábola conclui
com uma pergunta: "Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura,
achará fé na terra?" (v.8b). Jesus refere-se aqui à fé da súplica
incessante, que não esmorece, ou seja, à fé perseverante. A própria interrogação
traz uma conexão direta com a parábola, pois questiona se o Filho irá encontrar
uma fé persistente como a da viúva. Esta fé é aquela que, em meio às
dificuldades e às perseguições, transforma-se em fidelidade e coragem para
testemunhar diante dos homens (Lc 9.26; 12.9). A fim de preservarmos este tipo
de fé, precisamos cultivar uma vida de oração constante e persistente.
SÍNTESE DO TÓPICO III
A parábola ensina que
a oração, a perseverança e a fé, evidenciadas na atitude da viúva, são marcas
que devem ser encontradas em todo discípulo de Jesus.
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
"Jesus
ensina uma importante lição a respeito da oração, nas parábolas do amigo
importuno e do juiz injusto. Ambas ilustram a frequentemente citada promessa de
Jesus: 'Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Porque aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se
abre' (Mt 7.7,8; veja Lc 11.9,10).
"Os
três imperativos em Mateus 7.7 (‘pedi’, ‘buscai' e 'batei') são verbos que
originalmente estão no presente ativo. Por conseguinte, o sentido dessa
passagem é: ‘Continuai pedindo, até receberdes; continuai buscando, até
encontrardes; continuai batendo, até que vos seja aberta a porta'. Muito
diferente da incredulidade, a importunação e a persistência demonstram a firme
determinação de se alcançar um fim desejado, ao mesmo tempo que evidenciam a fé
que prevalece contra todos os obstáculos" (BICKET, Zenas 3.; BRANDT,
Robert L, Teologia Bíblica da Oração. 6a reimpressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2006,
p.206).
CONCLUSÃO
A interpretação dessa parábola como um ensino sobre a oração persistente
tem sido a melhor interpretação ao longo da história da igreja. A viúva que,
com sua insistência, constrange o juiz à intervenção, é um modelo de
perseverança na fé e na oração confiante. Esperar com firmeza e fidelidade a
vinda do Filho do Homem, ou seja, a consumação da nossa salvação é o melhor
incentivo para a oração corajosa. No “mundo tereis aflições", disse Jesus
(Jo 16.33), mas somos convocados a permanentemente invocar a Deus por socorro,
pois sempre fará justiça aos que clamam a Ele. Deus sempre estará junto
daqueles que perseveram na fé e na oração.