sábado, 16 de março de 2019

Lição 13 - Orando sem Cessar


Lições Bíblicas do 1° trimestre de 2019 - CPAD | Classe: Adultos | Data da Aula: 31 de Março de 2019
TEXTO ÁUREO
"Orai sem cessar." (1 Ts 5.17)
VERDADE PRÁTICA
O Novo Testamento nos ensina que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos, desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.
LEITURA DIÁRIA
SEG. Sl 55.17: Era prática no período do Antigo Testamento orar três vezes ao dia
TER.  Ef 6.18: O Novo Testamento nos ensina a orar continuamente
QUA. Lc 5.16: Jesus vivia em constante oração, um exemplo a ser imitado
QUILc 18.1: A parábola de juiz iníquo é um exemplo para nunca desistirmos da oração
SEX. Lc 21.36: Jesus espera nos encontrar em oração na sua vinda
SÁB. Ap 5.8: A oração dos crentes é como o incenso aromático que sobe às narinas de Deus

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 6.5-13
5- E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6- Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7- E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.
8- Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Iho pedirdes.
9- Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10- Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.
11- O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12- Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13- E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!

HINOS SUGERIDOS: 77, 296, 577 da Harpa Cristã
 
OBJETIVO GERAL
Mostrar que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I- Apresentar o conceito de oração;
II- Refletir a respeito da oração no Sermão do Monte;
III- Compreender o significado da oração modelo do Pai-Nosso.

• INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado (a) professor (a), chegamos ao final de mais um trimestre com os nossos corações gratos ao Senhor pelo aprendizado de cada lição e com a certeza de que precisamos estar fortalecidos no Senhor para resistirmos às astutas ciladas do Diabo. E uma das maneiras de nos fortalecermos é mediante a oração. Por isso, na última lição estudaremos a respeito da oração, uma das nossas "armas espirituais" contra os ataques e ciladas do Inimigo. A oração não é somente uma fermenta na batalha contra o mal; ela é indispensável para uma vida cristã saudável e revela a nossa dependência de Deus, fortalecendo a nossa comunhão com Ele.

Veremos no estudo dessa lição que Jesus, o Filho de Deus, não somente nos deixou uma oração modelo, a oração do Pai-Nosso, mas Ele orou nos momentos mais marcantes do seu ministério terreno. Jesus orou antes da escolha dos discípulos, nos momentos que antecederam sua crucificação e orou até mesmo na cruz. Ele se dedicou à oração secreta e particular a fim de nos deixar o exemplo.

PONTO CENTRAL
Necessitamos orar sem cessar.
 
INTRODUÇÃO
A oração do Pai Nosso, conhecida também como a Oração Dominical, do latim Dominus, "Senhor", portanto a oração do Senhor, é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Pessoas de dotas as idades e dos diversos ramos do cristianismo conhecem pelo menos as primeiras palavras dessa oração. Muitos livros, poesias e hinos sobre tema já foram produzidos ao longo da história. Lutero escreveu um comentário sobre o "Pai Nosso", juntamente com os Dez Mandamentos e o Credo do Apóstolo, no seu Catecismo Menor em 1529. Isso, por si só, mostra a importância dessa oração no cristianismo.

I - A ORAÇÃO
A oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é tão antiga quanto à humanidade, e o próprio Jesus se dedicava à oração particular e secreta. Sendo Ele Deus, vivia em oração contínua. Que exemplo! O que não diremos nós, com respeito à oração?

1. Definição.
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define oração como "o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento". A oração é central para a vida cristã. A fé cristã não prescreve local, dia da semana, horário ou postura de pé, sentado ou ajoelhado para fazer orações. O ensino cristão é: “Orai sem cessar" (1 Ts 5.17). Não há problema para quem deseja orar em pé (1 Sm 1.9,10), prostrado em terra (Ne 8.6), de joelhos (1 Rs 8.54). A postura física não importa; o importante é a posição espiritual diante de Deus, é orar com sinceridade e estar em comunhão com o Senhor Jesus.

2. Exemplos bíblicos.
A Bíblia mostra a oração desde que Sete, filho de Adão e Eva, nasceu: "Então, se começou a invocar o nome do SENHOR" (Gn 4.26). Essa prática continuou na vida dos patriarcas do Gênesis, Abraão, Isaque e Jacó (Gn 20.17; 25.21; 32.9-12). A oração estava presente na vida de Moisés, dos profetas Samuel e Elias, entre outros, e dos reis piedosos como Ezequias (Êx 8.30; 1 Sm 8.6; 1 Rs 17.19-22; 2 Rs 19.15).

3. Jesus e a prática da oração.
Os Evangelhos relatam que Jesus orava em secreto continuamente e chegam a registrar algumas orações, como aquela feita no jardim de Getsêmani e também aquela em favor dos discípulos em João 17. Todos os Evangelhos mostram a oração individual do Senhor (Mt 14.23; Mc 1.35; Lc 6.12). Mesmo sendo Deus, Jesus estava também na condição humana e, como tal, buscava a dependência do Pai. Jesus é o maior exemplo de oração para os cristãos.

SÍNTESE DO TÓPICO I
A oração é indispensável para uma vida de comunhão com Deus.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"A oração é a expressão mais íntima da vida cristã, o ponto alto de toda experiência religiosa genuinamente espiritual. Por que, então, permanece tão negligenciada?

Vivemos numa época em que os indivíduos evitam a intimidade e os relacionamentos pessoais. O receio de expor seus sentimentos e desenvolver amizades profundas afeta tanto as relações espirituais como as sociais, erguendo barreiras dentro da própria família e dividindo comunidades. Inconscientes de que esse modismo entrou na igreja e por ele influenciados, alguns cristãos sentem-se nada confortáveis quando se chegam próximos demais a Deus. 0 resultado imediato é a falta de oração —- não querem intimidade. Além disso, também estamos muito ocupados. Vivemos para realizar, e não para ser. Admiramos a vida ativa mais do que o caráter e os relacionamentos. O sucesso é medido por nossas realizações; portanto, corremos, corremos — tentando fazer tudo quanto podemos em nossas horas ativas. Mais preocupados em fazer do que em ser, recusamo-nos a aceitar a realidade bíblica de que as realizações humanas são temporárias e fugazes. Somente a obra do Espírito Santo é permanente e eterna. A falta de oração nos impede de alcançar aquilo que tão desesperadamente ansiamos. A falta de oração, na verdade, é impiedade" (BRANDI, Robert L. Teologia Bíblica da Oração: 0 Espírito nos Ajuda a Orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 17).

II - A ORAÇÃO NO SERMÃO DO MONTE
O Senhor Jesus falou sobre o assunto no Sermão do Monte para corrigir as distorções existentes na época sobre a oração. É necessário reconhecer, nas palavras dos vv. 5-8, o que Jesus estava ensinando, qual prática tinha a aprovação de Deus e o que era reprovado.
 
1. Oração nas praças e nas sinagogas (v.5).
Jesus não estava proibindo orar nas ruas, praças ou nas sinagogas. É que líderes religiosos da época procuravam as esquinas e os locais movimentados, onde levantavam as mãos para cima na presença das pessoas, para mostrar a elas uma imagem de alguém piedoso e temente a Deus. Eram exibições para serem elogiadas pelo público; por isso, Jesus disse: "Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão" (v.5b). São essas práticas exibicionistas que Jesus proibiu aos seus discípulos, e não as orações em público ou nas igrejas. Ele mesmo ensinava, pregava e curava nas sinagogas (Mt 4.23). Estava orando quando o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo: "Sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu" (Lc 3.21). Ele também orou em público por ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41-44).

2. Oração em secreto (v.6).
Jesus proíbe a ostentação e a hipocrisia. Não há como alguém se mostrar estando no próprio aposento, sozinho em oração, onde ninguém está vendo. Isso, no entanto, não significa que a oração só pode ser aceita se for secreta. Mas significa que Deus, que é onisciente e onipresente e conhece o nosso coração, nos recompensa. Ou seja, as nossas petições e súplicas são atendidas (Fp 4 .6). A oração num lugar secreto em uma das dependências da residência,  sem a comunhão com Deus, tampouco lema aprovação do Senhor.

3. As vãs repetições (v.7).
Jesus nus instrui com essas palavras: "Orando, mio useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos". Isso dá a entender que havia judeus que oravam como os gentios, ou seja, os pagãos (1 Rs 18.26; At 19.34).

Há religiosos que levam horas orando e repetindo palavras sagradas, pois acreditam que isso aumenta o seu crédito no céu. O termo grego usado para "vãs repetições" ébattalogéo, "repetir palavras sem sentido". A eficácia da oração não está na sua extensão nem nas repetições das palavras, pois oração é também comunhão com Deus.

A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas [...].

4. Entendendo o ensino de Jesus.
O Mestre não está condenando a oração longa ou repetitiva, mas as "vãs repetições". 0 próprio Jesus, no Getsêmani, repetiu as mesmas palavras três vezes na oração (Mt 26.39,44). Jesus passou a noite orando no monte para escolher os doze apóstolos; com certeza, essa oração não foi curta (Lc 6.12). Além disso, Ele nos ensina a orar sem nunca desanimar (Lc 18.1). A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas nos diversos ramos do cristianismo.

SÍNTESE DO TÓPICO II
Jesus não somente orou, mas falou a respeito da oração no Sermão do Monte.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Embora seja Deus, enquanto esteve aqui na Terra Jesus não era somente Deus — era o Deus-Homem. Na posição de Deus, Ele não precisava orar (exceto para manter aquela comunhão e companheirismo próprio da Deidade). Mas, na qualidade de homem, estando revestido de um corpo humano, sendo descendente legítimo de Abraão, a oração era tão essencial a Ele como o fora a Abraão e seus descendentes.

A oração destacou-se em cada aspecto e fase de sua vida e ministério. A Bíblia cita numerosos exemplos de oração durante o curto período de três anos e meio do ministério de Jesus. Há evidências de que a oração era a própria respiração da vida de Jesus, tal como acontecia com Moisés. Jesus vivia uma vida disciplinada. Os Evangelhos registraram determinados hábitos que Ele fazia questão de cultivar. Um deles era frequentar regularmente a sinagoga aos sábados, o que, naturalmente, incluía um período de oração (Mt 21.13). Não é errado pensar que Jesus tinha ido diariamente à sinagoga ou ao Templo — dependendo do lugar onde Ele estivesse — para dedicar-se à oração" (BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração: O Espírito nos Ajuda a Orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 166,167).

III - O PAI NOSSO
Jesus repetia os seus ensinos em ocasiões e locais diferentes. Esses discursos são registrados, às vezes, por mais de um evangelista, e assim surgem algumas modificações. Um exemplo disso é a oração do Pai Nosso, em Mateus e em Lucas. São duas situações e locais diferentes. Sua importância está no fato de ser uma oração modelo. Podemos dividi-la em três partes: sobre o Deus que adoramos, sobre as nossas necessidades e sobre os nossos perigos.

1. O nosso Deus.
O Pai Nosso é uma oração modelo, e isso pode ser visto na linguagem usada por Jesus: "Vós orareis assim" (v.9), e não o que devemos orar. Ele continua: "Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome". Essa forma de se dirigir a Deus é peculiar ao Novo Testamento, pois os justos do Antigo Testamento nunca a usaram. Deus, o Criador, é o nosso Pai. A liberdade que temos de nos aproximar dEle e chamá-lo de "Pai" ou, de maneira mais íntima, de “Aba, Pai", expressão aramaica que significa "papai", é um dos grandes privilégios dos cristãos (Rm 8.15; Gl 4.4-6). Essa bênção foi mediada por Jesus. Santificar o nome não significa tornar seu nome santo, pois ele já é santo em sua essência e natureza, mas é o nosso dever reconhecê-lo como tal.

2. As nossas necessidades.
O termo "pão" em " o pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (v.11) inclui tudo aquilo de que o nosso corpo necessita. Mas só hoje? E o futuro? Jesus nos ensina a sermos moderados em nossos desejos e pedidos (Pv 30.8,9). Isso remete também à confiança na provisão de Deus para a nossa vida (Mt 6.25-34). O perdão é outro ponto importante: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (v.12). Já não fomos perdoados e já não somos filhos de Deus? É verdade, mas estamos sempre expostos ao pecado (1 Jo 1.8,9). Todavia, precisamos também perdoar aos que nos fazem o mal (Mt 18.32-35).

3. O livramento dos perigos.
Essa petição no Pai Nosso: “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal (v.13) se refere aos perigos diários a que estamos expostos num mundo sedutor e corrompido (Fp 2.15). É verdade que Deus não tenta as criaturas humanas (Tg 1.13), mas devemos pedir a Deus que não permita que voluntariamente venhamos a nos deparar com a tentação. A oração termina com a doxologia: "porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre" (v.13b), para ser um resumo de um trecho da oração de Davi (1 Cr 29.11-13). A expressão reflete o espírito das Escrituras Sagradas.
SÍNTESE DO TÓPICO III
O Pai-Nosso é a oração modelo ensinada por Jesus.

CONCLUSÃO
Diante do exposto, concluímos que a oração deve ser uma prática contínua, e não ser recebida como um mandamento, mas como uma necessidade que temos da dependência de Deus. Note que Jesus não está mandando ninguém orar no discurso do Sermão do Monte. Ele disse: "quando orares" (v. 5); isso revela que a oração já era hábito do povo israelita, costume preservado desde o Antigo Testamento (Sl 55.17; Dn 6.10). Jesus estava corrigindo as distorções existentes.

Lição 12 - Vivendo em Constante Vigilância


Lições Bíblicas do 1° trimestre de 2019 - CPAD | Classe: Adultos | Data da Aula: 24 de Março de 2019
TEXTO ÁUREO
Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos. (1 Co 16.13)
VERDADE PRÁTICA
A vigilância na fé cristã significa permanecer acordado quanto à vinda de Cristo, atento no zelo de não se afastar de Jesus e perseverar na cautela contra os falsos profetas.
LEITURA DIÁRIA
SEG. Lc 12.37: Bem-aventurados os crentes vigilantes na vinda do Jesus
TER.  At 20.31: A vigilância diz respeito também contra os falsos profetas
QUA. Cl 4.2: A vigilância deve estar acompanhada de oração
QUI1 Ts 5.6,10: A vigilância escatológica é ensinada pelo apóstolo Paulo
SEX. 1 Pe 5.8: A vigilância contra a sedição de Satanás deve ser constante
SÁB. Ap 3.2,3: A exortação à vigilância aparece no último livro da Bíblia

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 26.36-41
36- Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
37- E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
38- Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39- E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
40- E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo?
41- Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
HINOS SUGERIDOS: 98,129, 312 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
Ressaltar a importância da vigilância para a vida cristã, pois a Segunda Vinda do Senhor está próxima.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I- Explicar o conceito de vigilância no contexto bíblico;
II- Apresentar detalhes da oração de Jesus no Getsêmani;
III- Destacar a vigilância como um aspecto fundamental no exercício da fé cristã.

• INTERAGINDO COM O PROFESSOR
A lição desta semana destaca a importância da vigilância no que diz respeito ao exercido da fé cristã. Estamos vivendo os dias que antecedem o retorno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e, por esse motivo, os crentes devem estar em constante vigilância para que não sejam persuadidos a viverem o evangelho deforma negligente. Poucos dias antes da sua crucificação, durante a preleção do sermão profético, Jesus alertou seus discípulos acerca do avanço da imoralidade e que a corrupção seriam alguns dos sinais que precederiam a sua Vinda. Essa palavra está se cumprindo em nossos dias e a igreja deve estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus. O Mestre advertiu também a respeito da vigilância seguida da oração para que seus discípulos não entrassem em tentação. O crente enfrenta cotidianamente uma batalha entre o espírito e a carne. É imprescindível atentar para o fortalecimento da vida espiritual e comunhão com o Senhor para que as fraquezas da natureza humana não sobreponham a vontade de servir ao Senhor com alegria e santidade.
PONTO CENTRAL
A exortação à vigilância é a ideia central do sermão profético, pois não sabemos o dia nem a hora da Vinda de nosso Senhor.

INTRODUÇÃO
A exortação à vigilância na presente lição abrange dois aspectos da vida cristã. O primeiro diz respeito às palavras de Jesus na agonia em Getsêmani, na noite em que Ele foi preso. O outro aspecto refere-se ao contexto escatológico no sermão profético registrado nos Evangelhos Sinóticos. A presente lição mostra os aspectos da vigilância na fé cristã.

I - O SIGNIFICADO DE VIGILÂNCIA
A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução para não correr risco. E isso nos mais diversos aspectos da vida humana. O verbo "vigiar" aparece na Bíblia no sentido de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã.

1. Vigiar, estar alerta.
A palavra que mais aparece no Novo Testamento grego para "vigiar" é o verbogregoréo, "vigiar, estar alerta, ser vigilante", que aparece 22 vezes. A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13), e isso se mostra nas passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando Jesus disse a Pedro, Tiago e João: "ficai aqui e vigiai comigo" (v.38), isso significa que Ele queria que seus discípulos ficassem acordados e continuassem a orar ou, talvez, se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas gregoréo é usado para denotar uma vigilância mais geral (1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Pe 5.8).

2. Vigiar, guardar, cuidar.
É o verbo grego agrypnéo, "manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar", e só aparece quatro vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido escatológico no sermão profético (Mc 1333; Lc 2136). O vocábulo é usado para indicar a vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia de cuidar ou velar: "Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma" (Hb 13.17).

3. Vigiar, ser sóbrio.
É o verbo nepho, literalmente "ser sóbrio", mas que aparece no sentido figurado de vigilância combinado com gregoréo (1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Seu uso no sentido próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1 Ts 5.8; 2 Tm 4.5; 1 Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho, que só aparece uma vez no Novo Testamento (1 Co 15.34), traduzido por "vigiar", na ARC; por "tornar à sobriedade", na ARA e na Nova Almeida Atualizada; e por "despertar" na TB.

SÍNTESE DO TÓPICO I
A vigilância é o ato de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Prezado (a) professor (a), a aula desta semana trata a respeito da importância da vigilância no viver diário do cristão. É relevante explicar aos seus alunos que devemos estar alerta quanto à Segunda Vinda do Senhor Jesus, pois não sabemos o dia e nem a hora que Ele há de retornar para buscar a Sua igreja. Para auxiliá-lo (a) na compreensão deste aspecto, leia para a classe o significado do conceito abaixo:

"Escatologia - O termo escatotogia (gr. eschatos, 'últimos'; logos, 'raciocínio'), significando 'a teologia das últimas coisas', tem sido usado desde o século XIX para designar a divisão da teologia sistemática que lida com tudo o que era profeticamente futuro na época em que foi escrito, isto é, profecias que já se cumpriram, como também profecias que ainda não se cumpriram, importantes assuntos de profecia incluem predições com relação a Jesus Cristo, tanto em sua primeira vinda como na segunda, Israel, os gentios, Satanás, cristianismo, os santos de todas as eras, a futura Grande Tribulação, o estado intermediário, a ressurreição dos mortos, o reino milenial, o juízo final e o estado eterno. Estes temas podem ser classificados como a revelação divina do programa quádruplo de Deus para:
(1) Israel,
(2) os gentios,
(3) a igreja e
(4) Satanás e seus anjos caídos (Dicionário Bíblico Wyeliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 662).

II - JESUS NO GETSÊMANI
Depois que Jesus instituiu a Ceia do Senhor, Ele seguiu com os seus discípulos para o jardim de Getsêmani. Em oração, o Senhor Jesus rogou ao Pai, três vezes, para que passasse dEle "esse cálice".

1. Getsêmani.
O lugar é assim identificado em Mateus (v.36) e Marcos (1432). Lucas se refere ao local como "àquele lugar" (22.40) e João registrou: "o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim" (18.1, Nova Almeida Atualizada). O nome "Getsêmani" vem de um termo aramaico que parece significar "prensa de azeite". Era uma área localizada no sopé do monte das Oliveiras, onde o Senhor Jesus costumava se reunir com os discípulos e para onde se retirou na noite em que foi preso (Lc 22.39; Jo 18.2).

2. A angústia de Jesus.
O Senhor Jesus, durante todo o tempo do seu ministério, encarava a sua morte de maneira serena (Mt 16.21; 17.22,23; 20.17-19; 26.1,2 e passagens paralelas em Marcos e Lucas). Alguns estudiosos do Novo Testamento se perguntam por que só agora "começou a entristecer-se e a angustiar-se muito" (v. 37) a ponto de dizer: "A minha alma está cheia de iristeza até à morte" (v.38)? 0 seu pavor não era a morte, mas o ser separado do Pai ao assumir os pecados de toda a humanidade na cruz (2 Co 5.21), pois Ele já estava decidido quanto a isso (Mc 10.33,34) e tinha consciência de que a sua morte era a vontade do Pai (Jo 12.27). Esse era o momento mais crucial para a humanidade, pois estava em jogo a salvação dos pecadores.

3. O cálice.
A expressão usada por Jesus: "Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice" (v.39) deve ser entendida à luz do Antigo Testamento. O cálice ou copo aparece com frequência na Bíblia e mui especialmente na sua aplicação metafórica. É usada para indicar uma situação miserável (Sl 11.6) e também de felicidade (Sl 16.5; 23.5). Da mesma forma, indica a manifestação da ira de Deus (Sl 75.8; Is 51.17). Essa linguagem aparece no Novo Testamento (Ap 14.10; 1 Co 10.16). O Senhor Jesus se referia ao cálice da ira de Deus como castigo da separação do Pai no momento da cruz (Mt 27.46; Mc 15.34). Estava chegando a hora de ser submerso na maldição, por nós, pecadores (Gl 3.13).

SÍNTESE DO TÓPICO II
A angústia de Jesus no Getsêmani expressava que a aproximação de sua hora de ser submerso na maldição, tornando-se pecado por nós, pecadores.
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"[...] é importante observar o uso de uma condicional de primeiro tipo na expressão 'se é possível' (Mt 26.39). Isto normalmente sugere que se supõe que a condição é cumprida — isto é, que era possível evitar o 'cálice' que Jesus tinha em mente. Esta interpretação recebe o apoio de Hebreus 5.7, que observa que quando Jesus 'oferecendo com grandes lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia', A morte biológica não causava terror a Jesus. Ela não causa terror em nós. Como Jesus carregou nossos pecados e sentiu a ira de Deus em nosso lugar, nós também fomos libertados. Nem a morte biológica nem a espiritual têm qualquer influência sobre aqueles que, por meio de Cristo, receberam a vida eterna" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp. 83,84).

III - EXORTAÇÃO À VIGILÂNCIA
Depois de uma breve explicação sobre Jesus no Getsêmani, retornamos ao tema da lição. Entendemos que o ponto central dessa seção do Evangelho de Mateus (26.36-41) é a exortação à vigilância, apesar de outros temas serem importantes aqui.

1. No contexto escatológico.
A exortação à vigilância é um dos pontos centrais do sermão profético porque não se sabe o dia e a hora da vinda de Jesus (Mt 24.36; Mc 13.32). O ensino do Senhor nas diversas parábolas desse discurso escatológico dá muita ênfase à necessidade de os crentes estarem atentos. Apesar de ser vedada aos humanos a data da segunda vinda de Jesus, a Bíblia indica os sinais que precederão a vinda de Cristo em Mateus 24 e Lucas 21. Os acontecimentos de hoje nos mostram o cumprimento das profecias bíblicas, sinalizando que essa vinda está próxima. Se os cristãos da primeira hora deviam estar vigilantes quanto ao grande evento, o que não diremos nós, que somos a Igreja da última hora? Por isso devemos estar ainda mais firmes e atentos, continuamente.

2. Na vida cristã.
É o estado de alerta para não cairmos em pecado, para nos abstermos de tudo aquilo que desagrada a Deus (1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Mas essa vigilância não deixa de ser um exercício contínuo da fé até que Jesus venha. Ele pode voltar a qualquer momento; os sinais de sua vinda estão aí, como o avanço da imoralidade e da corrupção (Ap 9.21), a evangelização mundial por meio de recursos das redes sociais (Mt 24.14) e a posição de Israel no Oriente Médio (Lc 21.29-31).

3. "Vigiai e orai" (v.41a).
O sentido da vigilância aqui difere daquele mencionado no v.38, em que "vigiar" indica ficar despertado, acordado. Mas aqui significa estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus e nunca se apartar dEle. Isso fica claro pelas palavras seguintes: "para que não entreis em tentação". É uma advertência solene a todos os crentes em todos lugares e em todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18). O Comentário Bíblico Beacon diz: "A eterna vigilância é o preço da liberdade".

4. O espírito e a carne (v.41b).
Temos aqui o contraste entre o espírito e a carne, muito comum no Novo Testamento (Rm 8.5-9; Gl 5.17). Seria esse o sentido aqui? A "carne" é um termo frequentemente usado nas Escrituras, com variação semântica tão ampla que não é possível descrever todos os seus significados neste espaço. Aqui essa palavra pode indicar a fragilidade da nossa natureza física (Sl 78.39), visto que os discípulos estavam cansados, exaustos e entristecidos; mas também pode ser uma referência à fraqueza da natureza humana decaída (Ef 2.3), por causa da associação com a palavra "tentação". A expressão pode indicar as coisas simultâneas ou qualquer uma dessas interpretações.

SÍNTESE DO TÓPICO III
Os acontecimentos dos últimos dias nos mostram o cumprimento das profecias bíblicas, razão pela qual, devemos estar vigilantes, pois a Vinda do Senhor está próxima.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Iniquidade e esfriamento do amor.
Em Mateus 24.12, Jesus mencionou mais dois alarmantes sinais, um decorrente do outro: 'E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará'. E o que assusta, neste duplo sinal, é mais uma vez a palavra 'muitos', cujo significado é 'quase todos'. Não foi por acaso que Jesus ensinou: 'Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela' (Mt 7.13). A cada dia, a aceitação da verdade da Palavra de Deus torna-se mais difícil. Doutrinas que outrora, ao serem ensinadas, geravam temor, têm levado muitos crentes a fazerem questionamentos. Vemos que os mensageiros mais conservadores — mas conservadores do ponto de vista bíblico (2 Tm 1.13,14)  são vistos por muitos como extremistas, descontextualizados ou politicamente incorretos. Isso, com certeza, é reflexo do dúplice sinal em questão. 0 amor ao mundo faz-nos perder o amor a Deus (Tg 4.4; 1 Jo 2.15-17). E muitos líderes, à semelhança de Demas (2 Tm 4.10), perderão a visão espiritual, nesses últimos dias.

Os cultos, que deveriam ter como objetivos o louvor a Deus e a exposição da Palavra (1 Co 14.27), se transforma-no — como já vem ocorrendo — em programas de auditório, shows, com muito entretenimento e pouco ou nenhum quebrantamento de espirito nu presença do Senhor. Esse sinal indica que, nos últimos dias, o mundo se o tornará tão religioso, e a igreja — quer dizer, uma boa parte dela — tão mundana, que não saberá onde começa um e termina o outro. Sabendo que tudo isso aconteceria, Jesus alertou: 'Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar... (Lc 21.36, ARA). E, como escapar? O caminho é dar ouvidos à Palavra de Deus e se arrepender, a fim de que o nosso amor não se esfrie (Ap 2.4,5) (ZIBORDI, Ciro 5, Etal. Teologia Sistemática Pentecostal. 1.ed. Rio de janeiro: CPAD, 2008, pp. 493-94).

CONCLUSÃO
O enfoque no relato do Cetsêmani é a vigilância e por essa razão não entramos em outros pontos do texto. Finalizamos dizendo que, na tentação do deserto, o Senhor Jesus recusou o domínio do mundo sem o Pai, mas aqui Ele aceita sofrer e morrer por nós com Deus. A experiência de Jesus e dos seus discípulos no jardim nos ensina que cada cristão tem o seu Getsêmani e cada um de nós deve-se submeter à vontade do Pai.

Lição 11- Discernimento de Espíritos - um Dom Imprescindível


Lições Bíblicas do 1° trimestre de 2019 - CPAD | Classe: Adultos | Data da Aula: 17 de Março de 2019
TEXTO ÁUREO
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. (1 Co 2.15)
VERDADE PRÁTICA
O discernimento de espíritos é um dos dons espirituais concedidos aos crentes, em Jesus; ele nos capacita a distinguir o real do aparente e a verdade da mentira.
LEITURA DIÁRIA
SEG. At 5.1-5: O uso do discernimento no exercício do ministério    
TER. 1 Co 2.14: O homem natural não compreende as coisas espirituais   
QUA. 1 Co 12.10: O discernimento de espíritos é um dos dons do Espirito Santo
QUIHb 4.12: A Palavra de Deus é apta para discernir os pensamentos do coração
SEX. Hb 5.14: O discernimento distingue corretamente entre o bem e o mal
SÁB. 1 Jo 4.1: Deus nos deu as condições para o discernimento de espíritos

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 16.16-22
16- E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
17- Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
18- E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu
19- E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20- E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade.
21- E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
22- E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.


HINOS SUGERIDOS: 167,326, 383 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
Conscientizar sobre a imprescindibilidade do Discernimento de Espírito;

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I- Discorrer sobre Discernir e Discernimento;
II- Explicitar as artimanhas da adivinhadora de Filipos;
III- Mostrar como desmascarar os ardis de Satanás.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Nesta lição estudaremos um tema importante para vivermos a fé nestes últimos dias: o discernimento de espíritos. Quem conhece a Deus e deseja não ser enganado é importante rogar ao Senhor por essa capacidade. Há coisas na vida que não se discerne com bagagem intelectual, ou sabedoria humana, mas por uma ação sobrenatural de Deus. Discernimento espiritual é para a obra espiritual. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal. No mundo espiritual, o discernimento de espíritos é um dom imprescindível.

PONTO CENTRAL
O discernimento de espíritos nos capacita a verdade da mentira.

INTRODUÇÃO
O homem espiritual é a pessoa com o Espírito Santo e que, por isso, tem melhores condições para entender cada situação. Isso é diferente daquele que não conhece a Deus. Mas o relato da libertação da adivinhadora de Filipos, por ocasião da segunda viagem missionária do apóstolo Paulo, revela que o discernimento espiritual vai além, pois diz respeito ao "dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10).

I - DISCERNIR E DISCERNIMENTO
No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (2 Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir.
 
1. O verbo "discernir".
O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por "discernir", anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como "perguntar, interrogar, investigar, examinar" (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de "discernimento" (1 Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (1 Co 11.29).

2. O substantivo "discernimento".
O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de "briga" ou "julgamento" (Rm 14.1); outra, como "distinção" em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1 Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14).

3. Atualidade.
Há manifestações sobrenaturais por meio de falsos profetas (Dt 13.1-3). Jesus disse que o Anticristo aparecerá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de tal maneira que, se possível fora, enganaria até os escolhidos (Mt 24.24). Os agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2 Co 11.13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10).

SÍNTESE DO TÓPICO I
Discernir pode significar "examinar" ou “investigar", bem como outras variantes. Discernimento, significa "julgamento" e “distinção".
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
Discernimento de espíritos. A expressão inteira, no grego, apresenta-se no plural. Este fato indica uma variedade de maneiras na manifestação desse dom. Por ser mencionado imediatamente, após a profecia, muitos estudiosos o entendem como um dom paralelo responsável por 'julgar’ as profecias (1 Co 14.29). Envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos (1 Jo 4.1). O discernimento nos permite empregar a Palavra de Deus e todos os demais dons para liberar o campo à proclamação plena do Evangelho. Da mesma forma que os demais dons, este não eleva o indivíduo a um novo nível de capacidade. Tampouco concede a alguém a capacidade de sair olhando as pessoas e declarando do que espírito são. É um dom específico para ocasiões específicas (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática; Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.475).

II - A ADIVINHADORA DE FILIPOS
Quem realmente já experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite, às vezes, o sobrenatural vindo de fontes estranhas para provar a fé do crente e sua experiência espiritual.

1. Uma avaliação sensata.
A jovem adivinha estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44) e o principal opositor da obra de Deus (At 13.10). Por que, então, o espírito adivinho elogiaria os dois mensageiros de Deus, Paulo e Silas, ao confirmá-los como anunciadores do caminho da salvação? É óbvio que havia algo de errado nisso.

2. O espírito de adivinhação.
A jovem pitonisa "tinha espírito de adivinhação" (v. 16). O termo grego usado aqui épython, "Píton, espírito de adivinhação", de onde vem o termo "pitonisa", associado à feitiçaria. Píton era a serpente que guardava o oráculo em Delfos, na antiga Grécia, a qual, segundo a mitologia, Apolo matou. Com o tempo, python passou a ser usado para designar adivinhação ou ventríloquo, que em grego é engastrimythos, de gaster, “ventre", e mythos, "palavra, discurso", cuja ideia é dar oráculos ou predições desde o ventre, pois se imaginava alguém ter tal espírito em seu ventre. O vocábuloengastrimythos não aparece no Novo Testamento, mas está presente na Septuaginta (Lv 19.31; 20.6) e é aplicado à feiticeira de En-Dor (1 Sm 28.7,8).

3. Adivinhações ontem e hoje.
Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus (Dt 18.14) e os egípcios (Is 19.3), as quais Israel deveria rejeitar. Isso vale também para os cristãos, pois essas práticas estão presentes ainda hoje na sociedade. Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At 8.9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). Como parte da magia, a adivinhação é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc.

SÍNTESE DO TÓPICO II
A adivinhadora de Filipos estava possessa por demônios e não falava em nome de Deus.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para lição desta semana é importante você estudar o tema dos Dons Espirituais de um modo geral e especifico com relação ao dom de discernimento de espíritos. Para isso, sugerimos a obra "Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal", editada pela CPAD. Lembre que o planejamento e a organização são fundamentais para uma aula eficaz. Não deixe para se organizar em cima da hora. Antecipe-se!
 
III - DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS
O Senhor Jesus colocou à disposição de cada crente as condições necessárias para discernir entre o falso e o verdadeiro, habilitando-o a fazer a obra de Deus. Ele disse: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos" (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais de defesa e de ataque ao reino das trevas (2 Co 10.1-5). 0 discernimento espiritual é importante arma do arsenal do Espírito Santo.

1. O dom do Espírito Santo.
O dom de discernir os espíritos aparece logo após o dom de profecia (1 Co 12.10); por essa razão, muitos associam o referido dom como meio de "julgar" as profecias (1 Co 14.29). Mas o contexto do Novo Testamento mostra que essa não é a sua única função. Serve também para distinguir a manifestação do Espírito Santo das manifestações de profecias, línguas, visões, curas provenientes de fontes demoníacas, e para proteger-nos dos ataques satânicos. Manifesta-se em situações nas quais não é possível, com recursos humanos, identificar a origem da manifestação sobrenatural.

2. Uma estratégia demoníaca para confundir o povo.
É muito estranho que o espírito maligno que atuava na vida da jovem viesse gritando publicamente por muitos dias e elogiando Paulo e Silas com as palavras: "Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo" (v.17). Essa não foi a única vez em que Satanás procedeu dessa maneira (Mc 5.7). Adam Clarke comenta que o "testemunho sobre os apóstolos, em essência, era verdadeiro, com o fim de destruir sua reputação e arruinar a sua utilidade". O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora.

3. A libertação da jovem adivinhadora.
A moça era uma escrava que dava muito lucro aos seus senhores com essa prática ocultista (v. 16). Ao ser liberta pelo poder do nome de Jesus, os seus proprietários viram nisso um prejuízo econômico e foram denunciar os missionários às autoridades locais. A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. Eles foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Foram açoitados e colocados na prisão (vv.19-22). Jesus tornou-se também persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16-18). Infelizmente, o lucro fala mais alto ainda hoje.

4. A necessidade do dom de discernir.
O discernimento do Espírito nos permite conhecer tudo aquilo que é impossível saber por meio de recursos humanos. O caso de Paulo e da adivinha de Filipos é emblemático, um exemplo clássico do uso desse dom na vida real. Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo.

SÍNTESE DO TÓPICO III
A partir do discernimento de espíritos, a jovem adivinhadora foi liberta das forças demoníacas.
 
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
Dei uma conferência na África sobre os demônios. Sobre o assunto argumentei: 'Espanta-me constatar que durante todos esses anos em que houve missões nesta terra, as mãos de vocês estivessem amarradas por causa de médiuns feiticeiros. Por que vocês não saem e expulsam o Diabo das pessoas e as livram do poder que as escraviza?’

O segredo de nossa obra, a razão de Deus nos ter dado cem mil almas, o motivo por que temos mais mil e duzentos pregadores nativos em nossa obra na África, é devido ao fato de crermos na promessa: 'Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo’ (1 Jo 4.4).

Nós não apenas saímos para buscá-las, mas as desafiamos individual e coletivamente, e pelo poder de Deus libertamos as pessoas do poder que as acorrenta. Quando são libertas, elas se rejubilam pela libertação da escravidão na qual estavam presas. 'Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação’ (2 Timóteo 1.7)” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.146-47).

CONCLUSÃO
Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência: "porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz" (2 Co 11.14). Ele é um ser habilidoso e acima de qualquer ser humano na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espírito Santo: "porque não ignoramos os seus ardis" (2 Co 2.11). Às vezes, até mesmo os crentes, por falta de vigilância, terminam caindo no laço do Diabo.